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A nova líder da Boeing, Kelly Ortberg, está diante de um extenso processo de análise, que abrange desde as instalações fabris até as questões financeiras.

Por Allison Lampert – Texto escrito por Allison Lampert

O diretor de operações da Boeing, Kelly Ortberg, enfrenta um desafio extremamente difícil ao assumir na semana que vem – recuperar a força de uma importante empresa americana abalada por diversas crises.

O antigo líder da Rockwell Collins (NYSE:COL) está voltando da aposentadoria para assumir o comando da empresa aeroespacial americana de 108 anos, que está enfrentando desafios financeiros e operacionais extensos. Ele terá que lidar com problemas internos que provavelmente levarão anos para serem resolvidos, como reconstruir relacionamentos com companhias aéreas e funcionários, aumentar a produção, reabilitar as finanças da empresa e negociar um acordo trabalhista para evitar uma potencial greve dos funcionários ainda este ano.

Os atuais e ex-executivos da empresa aérea expressaram otimismo em relação à experiência aeroespacial e de engenharia de Ortberg, bem como ao fato de ele ser um estranho sem conexões com o histórico da Boeing (NYSE:BA). No entanto, o desafio que o homem de 64 anos enfrenta é significativo.

“Não se trata de uma correção de cinco anos”, questionou Bill George, ex-presidente da Medtronic e executivo da Harvard Business School, levantando a questão se a Boeing está pronta para enfrentar os próximos 10 anos necessários para sua restauração.

A Boeing não autorizou uma entrevista com Ortberg. A empresa afirmou que está implementando medidas abrangentes para melhorar a qualidade e aumentar a confiança, o que inclui a redução do volume de trabalho remoto ou pendente.

“Existe uma grande quantidade de tarefas a ser realizada, e estou empolgado para iniciar”, expressou Ortberg em um comunicado na quarta-feira.

A principal preocupação da empresa no momento é a redução na produção e entrega de jatos devido a um incidente que ocorreu em um 737 MAX quase novo, causado pela explosão de um painel de ar em 5 de janeiro. Atualmente, a Boeing está fabricando aproximadamente 25 jatos MAX por mês, enquanto seu objetivo é produzir 38 por mês ao longo do ano.

Isso levou os clientes a procurarem por aeronaves à medida que a procura por viagens aumentou, resultando em perda de receita e sobrecarga para eles. A Southwest Airlines, que possui uma frota composta inteiramente por aviões da Boeing, tinha planejado contratar com base na expectativa de receber 85 aeronaves este ano, mas agora prevê receber apenas 20.

Antigo diretor executivo da United Airlines, Oscar Munoz, afirmou que é importante que Ortberg seja pragmático ao lidar com os executivos da Boeing. Munoz enfatizou a importância de Ortberg se aproximar dos principais clientes e funcionários da empresa e demonstrar que é um líder confiável e capaz de trabalhar em conjunto com eles. Esta abordagem será crucial para o sucesso de Ortberg, de acordo com Munoz em entrevista à Reuters.

A Boeing continua lidando com desafios na cadeia de suprimentos do setor e corre o risco de enfrentar paralisações trabalhistas em setembro, com mais de 30.000 funcionários da área de Seattle negociando seus contratos.

Os representantes da Boeing e da Associação Internacional de Machinistas e Trabalhadores Aeroespaciais afirmam que houve progresso em assuntos não econômicos, e que em breve começarão as negociações sobre questões econômicas importantes.

GASTANDO DINHEIRO

A companhia também precisa ampliar a produção para evitar um desperdício de recursos financeiros previsto para permanecer até o terceiro trimestre. A agência de classificação S&P alertou que poderia rebaixar a avaliação de crédito da empresa para um status de alto risco caso a Boeing não avance em direção a níveis de produção mais regulares, o que resultaria em custos mais altos de financiamento. A Boeing tem adquirido materiais e componentes que não estão sendo utilizados na fabricação de aeronaves.

Segundo Tony Bancroft, gerente de portfólio da Gabelli Funds, há muitas vantagens operacionais neste negócio. Ele também mencionou que, com as taxas de produção atuais estando abaixo da capacidade ideal, a empresa só estará perdendo dinheiro.

O caminho para melhorar a situação financeira da Boeing envolve suas instalações de produção. A proposta de Ortberg de centralizar as operações em Seattle, onde a maior parte dos jatos comerciais da Boeing são fabricados, apesar da sede da empresa estar em Washington, D.C., foi bem recebida pelo sindicato dos maquinistas e outros.

Ortberg também terá que se reunir com os familiares das 346 vítimas dos dois acidentes do 737 MAX ocorridos em 2018 e 2019.

O acordo entre o Departamento de Justiça dos EUA e a Boeing envolve o reconhecimento de culpa por parte do planejador em relação a acusações de fraude e o pagamento de até US$ 487 milhões. O acordo surge após a quebra de um acordo anterior de 2021. A aprovação final depende da decisão de um juiz dos EUA e envolveria reuniões entre membros do conselho e membros da família.

© Reuters. FILE PHOTO: The top half of a 737 aircraft is seen at Boeing
Imagem: MaxWdhs/DepositPhotos

Após consolidar sua posição no mercado, a Boeing terá que focar no desenvolvimento de um novo avião comercial para complementar sua linha de produtos mais antigos, conforme apontado por analistas. O MAX representa a versão mais recente do jato 737, que foi lançado em 1968.

Segundo Robert Spingarn, analista da Melius Research, considerando a idade do Sr. Ortberg, que tem 64 anos, suas prioridades podem ser focar na estabilização das operações, finanças e na correção da cultura da Boeing. Ele também mencionou que, embora seja a favor de um novo avião, é importante reconhecer que a Boeing tem outras necessidades mais urgentes no momento.

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